agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

terça-feira, julho 01, 2014

Sonoridades: Festa dionisíaca


Festa dionisíaca

“Antes de ir, a Nina contou que tinha um espetáculo, mas não repassei a informação pros meus amigos. Se eu tivesse dito que era "teatro", talvez eles não tivessem ido. O povo meu amigo de infância e de adolescência tem preconceito com cinema, show, teatro... Para eles o negócio é falar bobagem e tomar cerveja. Então estávamos indo para uma boate beber e dançar. E no auge da felicidade, depois de ficarmos mais soltos com a bebida e de estarmos entregue à dança, começa o show Sonoridades Obscênicas.

Os meus amigos ficaram deslumbrados desde o começo. Eu também, obviamente. Ao nosso redor, tudo era aquele momento. Girando, nós nos sentíamos livres. Nós estávamos cantando com os artistas, repetindo o que tinha sido dito, comentando, rindo. Rindo muito. "Tira a mão daí, tira a mão daí, tira a mão daí que eu tô de modess". Como eu estava meio alto, não me lembro da ordem das coisas. Mas na memória ficaram os figurinos que me remetiam a deidades, e o espaço, de fato, uma gruta. Tudo tão onírico, tão orgiástico. Tão Baco. E com aquele ar de decadência que Baco exige, uma decadência demi-monde de artistas e prostitutas, uma elegância que se desnuda a ponto de explicitar o fake da elegância e do "bom gosto". A DJ tocando o terror na dublagem, momento em que pensei no quanto aquilo podia ser visto como uma desconstrução do show da drag. A faixa sendo aberta sobre nossas cabeças, todo mundo pulando. "Eu quero é botar / meu bloco na rua". E aí a rua era nossa, mas dentro da Gruta era como se já fosse rua, tamanha a sensação de liberdade que o espetáculo trazia.

Por fim, falei aos meus amigos: "Se eu tivesse falado que era espetáculo, vocês não tinham vindo". Eles concordaram. Entretanto, aquilo era, pra eles, diferente. Diferente, suponho eu, pelo fato de ter mais afinidade com o nosso tempo. Todos nós queremos voltar, participar dessa festa de novo, ainda mais pela delícia de saber que o cardápio não será sempre o mesmo. Nesta minha primeira experiência de espetáculo, tivemos uma sexta-feira treze dia de Santo Antônio com lua cheia. O que será a próxima? Fica a expectativa".

(Depoimento de Gustavo Moreira enviado por e-mail).


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