agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

sábado, fevereiro 22, 2014

um lance de dados jamais abolirá o acaso


 - O jogo de dados levará os participantes a um canto da cidade sorteado no tabuleiro;
 - Na 1ª rodada, 4 jogadores lançarão o dado, 1 vez cada e 1 de cada vez: o jogador avançará no tabuleiro o número de casas correspondentes ao seu lance de dados;
 - Cada estação do metrô corresponde a uma casa no tabuleiro;
 - Assim que o 4º jogador efetuar sua jogada, a estação estará escolhida e todos os jogadores estarão performando: o jogo começa do lugar onde se está;
 - Seguirão até a estação de metrô mais próxima em direção à estação sorteada no tabuleiro. Chegando ao destino, sairão para a rua;
 - Os jogadores portarão somente a roupa cotidiana do corpo e outros pertences básicos que considerarem necessários.



A partir da proposição de Flávia Fantini, lançamo-nos, como disse Clóvis, no “tabuleiro da cidade”. Em 2014, a pesquisa do Obscena vai focar o tema: “Corpos Estranhos: espaços de resistência” e, nela, pretendemos aprofundar alguns aspectos da investigação que estamos realizando desde 2010: o espaço público – aberto – e a domesticação dos corpos. Propor micro ações que possam romper, minimamente, com o controle: inocular um corpo estranho.
E nesse dia – quinta, dia 20 de fevereiro – a percepção que tive foi justamente essa. Mas vamos por partes. Ou desde o início.
Flávia trouxe o tabuleiro – o mapa da cidade recortada pela linha do metrô, com todas as estações marcadas. Explicou as regras e 4 pessoas pegaram os dados: eu, Joyce, Sassá e Matheus. Joyce trouxe um elemento complicador: é possível andar as casas tanto para frente quanto para trás? Com esse movimento, a casa final ficou sendo a estação central.
A partir daquele momento, estávamos performando... mas que diabo é isso???
As coisas performam. Meu olho performa o mundo. Meu corpo em outro estado? Estar no mundo já é performar?
Saímos da Gruta e meu olho capturava a escrita da cidade. Placas. Grafites. Pixos. Anúncios.
“O que a vida quer da gente é coragem”
“Lute pelo seu amor. Cartas. Búzios.”
“Peles Grafitadas. Validadores para usuários de cartão.”
“Trago seu cliente em até 3 dias.”
“Se todos botarem na roda o que tem não faltará p/ ninguém.”
"PAZ"
Meu corpo capturando o vento. O ritmo dos outros corpos. O ritmo da cidade.
Meu corpo seguindo conversa atravessada. Seguindo a sombra. O fluxo. Indo contra o fluxo.
Voltando à percepção que tive, nesse dia.
Estávamos eu e Joyce perto das catracas, que saem para a Praça da Estação. Corredor de acesso às plataformas Eldorado/Vilarinho. Fluxo intenso de passantes. Ritmo acelerado. Na verdade, Joyce já estava lá. Andando no contra-fluxo. Na horizontal, cortava a vertical dos passantes. Lentamente. Eu, vinha andando no ritmo da corrente. Joyce me estancou. Parei. E lá fiquei. As pessoas passavam por mim. Rápidas. Eu parada. Uma estátua em meio à estação. As pessoas passavam. Olhavam. As pessoas passavam. Viam Joyce. Estranhavam. Veio o segurança do metrô. Uma. Duas. Três vezes. Era o anticorpo.



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