agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

quarta-feira, fevereiro 26, 2014

1 cidade, 1 linha de metrô, 19 estações


os dados são lançados. o mapa está em branco por entre a sequência de estações e o traçado das regionais. 4 jogadores mexem as peças no tabuleiro, andam pra onde querem: pra frente, pra trás, pra trás, pra frente. ui, esse jogo é um tesão! estação central, já estamos performando. 

não há intensidades ou atenções especiais, há diferença. a base, gruta, é puro movimento.





o telefone de alguém toca: alô! ... oi?! ... tudo ... e aí?... eu? ... tô performando ...





quero olhar pela primeira vez. passo de costas pela catraca da estação central. como me tornar um corpo estranho? eu, flávia f., branca, magra, estatura e classe médias, cabelos ondulados, caminhando sobre duas pernas, pouco drogada e um pouco prostituída... por aqui, até onde é visível, tá tudo nos conformes dos podrões padres. ooooops! dos padrões podres.

continuo de costas. um corpo nem tão estranho assim: "é arte!", "expressão corporal!".
um corpo confortável no metrô, com a cabeça deitada no ombro de Joyce, sentada no banco de trás, de costas pra mim, também aconchegada no meu ombro.
um corpo invisível, subindo e descendo duas escadas rolantes umas 7 vezes seguidas sem fazer alarde.
um corpo descobridor de corpos, do "bloco preto" no entorno da estação.

proponho jogos a mim mesma e não os cumpro. sem qualquer acordo, acordo onde a cidade ferve em obras: as grandes, da prefeitura, e as pequenas, casas passageiras construídas por moradores nos passeios das ruas. o que é que eu tô fazendo aqui? cadê o povo? como é que a gente faz no meio disso tudo? se no mapa já há linhas tão fortemente traçadas, como é que a gente resiste, como é que a gente existe? há espaço. há espaço! espaços em branco demarcados por fronteiras fictícias naturalizadas. e não é que a gente acredita?



e dá-lhe polícia ferroviária! tinha tanta, acho que contei uns mil. anticorpos com cacetetes nas mãos e cacetes entre as pernas. gostei mais das moléc(ul)as atrevidas que cruzei no caminho, em comunidades breves, tipo a moça com uma bengala, que trombei enquanto subia a escada de costas: "dá licença, dá licença!", "opa!". e fomos embora.

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