agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

segunda-feira, dezembro 23, 2013

Transitamos: um pouco do que foi 2013.


Transitar, movimentar, encontrar e trocar ideias e afetações. Em 2013 nos percebi numa alta, perigosa e intensa transitividade performática, participando de eventos artísticos, sociais e políticos. Uma rede expandida. Cada pesquisador abrindo diálogos e participando de inúmeros trabalhos, ações, espetáculos, oficinas e conversas. Difícil listar por onde andamos.

Uma impressão pessoal de que ficamos dispersos no que se refere à pesquisa do agrupamento. Soltos demais, talvez avançamos pouco e retornamos aos materiais já produzidos e os re-experimentamos. Isso do ponto de vista coletivo. Tudo bem! Mais do que um juízo de valor (tipo: que bom ou que ruim) acho importante olhar atentamente para o que nos aconteceu.

Nesse ano um jeito diferente de estarmos juntos. Uma pesquisa mais descompromissada e menos sistemática. Seria uma “ressaca” da alta voltagem produtiva e mais coletiva dos últimos anos? Ou outros interesses foram mais fortes? Ou tivemos necessidade de respiros mais individuais? Uma crise importante em nossa forma de funcionamento? Até que ponto juntos e separados? Ou interligados? O que isso provoca? Ano de reverberações e desafios. Diferentes velocidades. Mas nos encontramos para realizar algumas ações coletivas propostas por eventos que nos interessaram.

Fazer de um evento uma oportunidade de se experimentar o inédito, se abrir para o desconhecido, poder optar de que forma e com o quê se deseja performar. E tivemos boas surpresas, potentes contatos e o melhor: sobrevivemos. O Obscena continua.

Outros desafios: muitas reuniões de produção (e que são necessárias) ao invés de foco na pesquisa teórico-prática. Como resolver tal impasse? Por outro lado tivemos um tempo mais dilatado para olhar para nossa produção videográfica e fotográfica, podendo perceber nuances e fazer redescobertas. Faltou fôlego para cumprir ou colocar em andamento alguns projetos que nos interessam, como por exemplo, a publicação do livro. Também exploramos pouco o entorno da Gruta, espaço que oferece muitas possibilidades de ação.

Parece que a cidade também performou e se fragmentou: ocupações, marchas e novos coletivos... Quanta coisa aconteceu e nos atravessou!

Novas pessoas se aproximaram, outras “pediram” um tempo e algumas retornaram. Alguns artistas-pesquisadores se juntaram e surgiram trabalhos como " A coisa do si" que considero uma experiência muito forte e que adorei performar junto como espectador-participante.

Minha pesquisa com Erica (Padilha) e Leandro (Lambe) entrou em seu terceiro ano. Um arco de sensações e desenvolvimentos até aqui. Estou avaliando esses percursos e breve quero partilhar isso com o agrupamento. Assim como o “Sonoridades Obscênicas” voltou à cena totalmente atualizado. E ainda criei o “Médico de Flores” (para o evento do centenário de Vinicius de Moraes) o que me trouxe mais alegria por estar nas ruas e espaços abertos da cidade.

Continuam me interessando: a relação com o transeunte numa poética de proximidade e alteridade, as questões do afeto humano e o confronto com as gestualidades e mobilidades cotidianas institucionalizadas. Sair um pouco da civilidade rumo à subjetividade e afetividade dos encontros. A inscrição política do estranhamento no espaço (nisso conversei muito com o Mateus) também é algo muito potente e inquietante.

A ação de colar pequenos cartazes nas ruas (Nina) como uma forma de intervenção e composição espaciais também nos trouxe a importância da dimensão plástica sobre as paisagens urbanas. Um outro jeito de poetizar e obscenizar os espaços e seus discursos. Exemplo: “as muitas receitas que me perdoem, mas liberdade é fundamental”(“Remexendo Vinicius”). Uma poética da subversão.

A performance na rua como um “lugar impreciso” e complicador das dinâmicas de funcionamento dos espaços. O político como elemento dissidente numa cidade que se pretende homogênea.

Da política dos corpos à política da criação (mais do que arte instituída) podendo alcançar uma política do ACONTECIMENTO. Acontecem nascimentos. A realização de saqueamentos criativos no deserto de uma cidade aparentemente organizada e protegida.

Queridos obscênicos: como foi esse ano para vocês?

Quero mais.
A cidade pulsa e nos deseja.

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