agrupamento independente de pesquisa cênica

Composto atualmente pelos artistas pesquisadores Clóvis Domingos, Flávia Fantini, Frederico Caiafa, Idelino Junior, Joyce Malta, Lissandra Guimarães, Matheus Silva, Nina Caetano, Paulo Maffei, Sabrina Batista Andrade e Wagner Alves de Souza, o Obscena funciona como uma rede colaborativa de criação e investigação teórico-prática sobre a cena contemporânea que visa instigar a troca, a provocação e a experimentação artísticas. Também participam dessa rede colaborativa obscênica os artistas Admar Fernandes, Clarissa Alcantara, Erica Vilhena, Leandro Acácio, Nildo Monteiro, Sabrina Biê e Saulo Salomão.

São eixos norteadores do agrupamento independente de pesquisa cênica, o work in process, os procedimentos de ocupação/intervenção em espaços públicos e urbanos e os procedimentos de corpo-instalação, além da investigação de uma ação não representacional a partir do estudo da performatividade e do pensamento obra de artistas como Artur Barrio, Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Atualmente, o Obscena desenvolve o projeto Corpos Estranhos: espaços de resistência, que propõe tanto trocas virtuais e experimentação de práticas artísticas junto a outros coletivos de arte, como ainda a investigação teórica e prática de experimentos performativos no corpo da cidade. Os encontros coletivos se dão às quintas-feiras, de 15 às 19 horas, na Gruta! espaço cultural gerido pelo coletivo Casa de Passagem.

A criação deste espaço virtual possibilita divulgar a produção teórico-prática dos artistas pesquisadores, assim como fomentar discussões sobre a criação teatral contemporânea e a expansão da rede colaborativa obscênica por meio de trocas com outros artistas, órgãos e movimentos sociais de interesse.

quarta-feira, outubro 26, 2011

Engaiolado de sorriso preso


O que pode acorrentar um corpo? Até que ponto enclausurar nossas bestas pode ser ainda suportável? Muitas correntes forçam o corpo agir assim ou assado. Mas como desacorrentar as bestas? Foi no dia 30 de setembro, durante a mostra do agrupamento. Um homem que não pára de sorrir? As pessoas preferem não olhar muito. Causa silêncio. Caminhar pela cidade que vende bem-estar, sorrisos e conforto. “Parecia um caipira doente”. Percorrer o deserto da cidade numa solidão povoada... Corpo-Ondas intensivas: algo “desengaiola-se” durante o passeio e convoca os bandos mais selvagens, desabita a forma homem, estilhaça a sua máquina narcísica.


Foto: Clarissa Alcantara

terça-feira, outubro 04, 2011

O homem-bomba e a mulher-burka passeiam pelo centro da cidade parte II



Fui pensar sobre o passeio do homem-bomba com a mulher-burca de mãos dadas no centro da cidade. O que queríamos com aquilo? Fomos apenas passear e deu no que deu. Cataclisma, carnaval. Não é prá rir, mas nem sério seria. Do meio do tudo e do nada, de repente sobraram plagio-combinações de textos de Marcelino Freire, Wally Sailormoon, Evandro Mesquita, Blitz, É o Tchan, Zeca Baleiro, meus...

Os Irmãos Lambe e lambe


No regionalismo brasileiro o lambe-lambe é um fotógrafo ambulante que geralmente fica postado em praças e jardins públicos. Em Belo Horizonte a profissão vem sendo pouco a pouco extinta, com a proibição da atuação dos lambe-lambes na vida urbana. Motivados por essa inspiração aliada a toda discussão e prática fomentada pela pesquisa do Obscena – sobre novas formas de ocupação e revitalização (concreta e imaginária) de espaços públicos/privados da cidade – realizamos a intervenção urbana “Lambe-lambe”, ou, como gostamos de brincar os “Irmãos Lambe e lambe”. Brincadeira que vem do fato de que eu e meu amigo Clóvis, proponentes da intervenção, sermos muitas vezes confundidos como irmãos, devido nossa parecença. Um o retrato do outro.

Por essas e outras, nosso “Lambe-lambe” consiste na ação de...

segunda-feira, outubro 03, 2011

.. cidade de corpos em diferentes velocidades ...

Alguns corpos rodeiam a grande árvore incrustada no asfalto. Diversas vezes corpos atravessam a faixa de pedestre sem motivo nenhum. Alguns outros corpos devaneiam. Um carro estragado: um homem negro com uma lata de cerveja fala sem parar para uma mulher. Dois corpos dançam. Daqui a pouco, outros cantarolam qualquer coisa no meio da faixa de pedestre. Instaura-se um jogo de ver esconder. Dois corpos demoram mais de trinta minutos para andar aproximadamente dez metros na praça. Outros cortam em velocidade. Um jovem imundo com uma camisa na cabeça entra na dança. Não se distingue bem os corpos que já atravessaram para o outro lado e realizam ações sem sentido. No meio do centro da cidade...

Para se desencardir hábitos, poderes e conceitos - um pouquinho do Fórum Obscênico

Nossa terceira mostra de pesquisa foi muito instigante. Alicerçada em questões que envolvem o corpo, o poder e os espaços, tivemos três dias de compartilhamento de pesquisas teóricas e algumas vivências muito importantes.

Na quinta, tivemos uma longa conversa com três convidados: Clarissa Alcantara, Luiz Carlos Garrocho e Marcelle Louzada. Foram colocadas várias provocações e linhas diferenciadas de pensamento e atuação sobre as intervenções urbanas e as relações com a cidade. Clarissa falou algo que me tocou: "arte é palavra para se desencardir do hábito". Pra mim a questão do habituar-se a tudo seria a grande e pequena forma de submissão contemporânea. Estamos habituados e não percebemos. E nesse lugar domesticado e alienado, ficamos impotentes e colocamos o Poder para fora...Corpos reféns de hábitos, padrões mentais, posturas, pensamentos e ações. Uma "vida de segunda mão", segundo Clarissa, no controle, no medo e só reforçando as forças que oprimem a Vida. Como desabituar esse Poder internalizado?